sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Nesta condição, Jesus teve como finalidade de sua vida e na sua própria missão manifestar e realizar gestos concretos perante o povo, para que se tornassem gestos e atitudes de conversão e de justiça. Todos os gestos praticados por Jesus são inerentes ao seu grande gesto, o chamado gesto da partilha do pão, pois toda a discussão desenvolvida e apresentada nos textos neotestamentários, além de apresentar Jesus como o Salvador, também projeta para a importância da partilha do pão (Mc 6,30s // 8,26). Pão dado gratuitamente, aos seus discípulos e a sua comunidade, pão dado no deserto, ao povo sem guia e sem alimento (Mc 6,33-44), pão dos filhos dado também aos excluídos, e aos pagãos, (7, 24-30). É ao redor deste pão, que o dom messiânico ou definitivo de Deus se faz presente em Jesus, e Jesus reunindo uma numerosa multidão no deserto faz a refeição que prefigurará o banquete eucarístico, pois, é no deserto que Jesus se torna solidário com o povo sem guia, comendo o mesmo pão, e distribuindo-o como sinal de uma existência entre a vida até a morte e sua plena Ressurreição.
É na Páscoa celebrada com seus discípulos que Jesus formaliza através de um gesto humano o do querer comer, o seu projeto de Justiça e libertação que será plenificado, quando vivido por todos os homens e mulheres comprometidos com sua causa.
No terceiro capitulo, apresentaremos a Igreja, como promessa de ação perene de Deus. Em nome de seu Filho Jesus, e por sua intercessão, vem sobre a Comunidade dos Discípulos o Espírito Santo, que faz nascer a Igreja. A presença real no seio da Igreja, Corpo de Cristo, o Espírito Santo anima o processo de missão e evangelização, e que através da sacramentalidade a Igreja em sua historicidade servirá a humanidade na prática da caridade, isto é, na solidariedade distribuindo os dons do amor e da justiça.
Assim como o Reino é um dom do Pai. E como tal destina-se a humanidade. A Igreja, pela ação do Espírito Santo faz chegar até a humanidade à mensagem do Reino de Deus, que propõe através da conversão e da participação nos sacramentos, ofertados a Igreja como instrumentos de solidariedade, o assumir de um compromisso fiel a ser construtores da paz e da justiça, tendo como meta a partilha do pão que tem caráter universal. Todos são convidados a entrarem na nova dinâmica de transformação do próprio ser e do mundo em que vivem.
Através deste trabalho buscaremos um diálogo com a Teologia da Libertação, referente à prática da ética para uma melhor compreensão do anúncio do Reino de Deus e suas mediações históricas e escatológicas. Estas medições históricas são os pobres, os renegados pela sociedade, aqueles que [...] estavam como ovelhas sem pastor [...], (Mc 6, 34). Todos os que entram na dinâmica do Reino de Deus são capazes de experimentar com solicitude e aproximação, essas mediações históricas.
Evidenciando estes aspectos apresentados neste trabalho, chegaremos ao seu objetivo central, que consiste na busca de pistas e novas atitudes pastorais, que certamente perpassam o discurso teológico de nosso tempo, a fim de ensinar que através do seguimento de Jesus poderemos encontrar o caminho para se chegar a difícil arte da paz e viver um mundo de amor e justiça. Neste aspecto, o lugar de gestação de justiça é a própria sociedade, porque a sociedade necessita ser perpassada em todos os seus parâmetros para que aconteça uma profunda mudança estrutural envolvendo todos os níveis da vida humana e cósmica para fazer desabrochar o compromisso pelo bem comum e pela dignidade de todos os seres vivos.
Portanto, a Justiça de Deus manifestada em Jesus Cristo, mediante uma ação libertadora, responderá a questão da participação da humanidade no mistério salvífico divino como elemento constitutivo do projeto de transformação e geração de uma nova criação. A prática da justiça entre os seres humanos, deve existir na observância da Lei, da vida e do testemunho de Jesus Cristo para que haja a concretização da Memória de Libertação do Reino de Deus. O Reino de Justiça anunciado por Jesus não deve ser para o ser humano como uma realidade estática, mas, embora sendo um dom gratuito de Deus, requer adesão e compromisso. E este compromisso deve ser assumido a partir do querer participar da mesa da inclusão, proposta feita por Jesus, em que o agir para a salvação deve ser a luz do principio da solidariedade e da prática da justiça entre todos os seus seguidores.
A meta salvífica de Deus é chegar ao amor e ao perdão sem medida, e em Jesus Cristo, o Deus da vida deseja que pratiquemos a justiça e a paz como proposta para a construção de um mundo justo, e sem exclusão.

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